12 de abr. de 2007

ELEGIA DE VERÃO / Poema de Ademir Braz


Elegia de verão
Ademir Braz
Marabá/PA


Enquanto Pedro agoniza
e sangra a vida nas pedras
do chão estreito da praça
na praça tonta de luz
acácias douram o dia
aves alegres revoam
na praça tonta de luz.

Pedra entre pedras a poça
dos olhos vítreos de Pedro
reflete lotes de nuvens
no latifúndio do céu.

Enquanto Pedro agoniza
e um sol perfeito resseca
o sangue espesso nas pedras
Pedro ignora que a terra
a terra amante e mãe
com leves dedos afaga
o corpo que a desejou.

Inacabado horizonte
exangue pássaro Pedro:
seu corpo é sua sina
de pedra a mão campesina

Seu corpo é sua sina
de pedra a mão campesina.


UMA POSSÍVEL INTERPRETAÇÃO DO POEMA "ELEGIA DE VERÃO"
DE ALMIR BARZ.

O eu lírico, na posição de um narrador, aborda um tema antigo, mas ao mesmo tempo atual, que é a busca do homem do campo por um pedaço de terra.
O texto inicia com uma contradição: enquanto pedro agoniza, jogado no chão de uma praça, o dia está lindo com belas flores ("acácias") e aves voando num céu ensolarado.

Ao passarmos à segunda estrofe, o eu lírico deixa transparecer um tom de ironia, quando mostra os olhos de Pedro refletindo os "lotes de nuvens / no latifúndio do céu", como se seu sonho de ter um pedaço de terra, só pudesse se realizar no mundo transcendental. É uma ironia ainda maior, se apodera da terceira estrofe quando Pedro, homem camponês, que lutou para alcançar o desejado sonho de possuir um lote de terra, morre junto a esta terra que tanto desejou. O destino ("sina") do camponês é pedra, ou seja, sua vida é dura, sacrificada.
Elegia, poesia em tom triste, a tristeza de Pedro que perdeu a vida num belo dia ensolarado, um belo dia de verão.

OBS. A poesia lírica apresenta várias formas poéticas fixas que são: o soneto, canção, ode, écloga ou égloga, epitalâmio e a elegia.

A ELEGIA : poemas que indicam sentimentos dolorosos, por exemplo: a morte ou a perda da pessoa amada.

11 de abr. de 2007

O USO DA VÍRGULA


Uso obrigatório da vírgula nas orações estudadas


É obrigatória a vírgula para assinalar orações subordinadas que se encontrem no princípio de uma frase, ou seja, antes da principal ou subordinante. Exemplo: Se não tivesse pais, vivia num orfanato.

É obrigatória a vírgula para assinalar as orações intercaladas. Exemplo: Os dois irmãos, embora se dessem bem, saíam sempre sozinhos.

É obrigatória a vírgula para assinalar a presença das orações coordenadas adversativas, ou seja, qualquer oração coordenada adversativa é antecedida por uma vírgula ou outro sinal de pontuação forte. Exemplo: Está muito sol, no entanto está frio.

A regra anterior aplica-se também às orações coordenadas conclusivas. Exemplo: Estás com muita febre, logo ficas em casa.

Nota: Quer as conjunções/locuções adversativas, quer as conclusivas sempre que se apresentem no meio de uma oração vêm isoladas por vírgulas

Exemplo: O Gustavo chegou tarde. Os amigos, no entanto, continuavam à sua espera.

É obrigatória a vírgula para assinalar orações justapostas. Exemplo: No recreio, os rapazes jogavam à bola, as raparigas conversavam, os contínuos faziam a limpeza do recinto.

É obrigatória a vírgula para assinalar orações coordenadas copulativas que apresentem sujeitos diferentes. Exemplo: Eu vou passear, e tu vais estudar.

É obrigatória a vírgula sempre que numa frase haja uma enumeração de orações. Exemplo: Eles jogavam, elas brincavam, os outros cantavam.

Outras situações de uso obrigatório da vírgula

É obrigatória a vírgula para assinalar o vocativo onde quer que ele se encontre na frase. Exemplo: Joana, vem cá!

É obrigatória a vírgula para assinalar o aposto. Exemplo: O Rui, irmão de um amigo meu, está na universidade.

É obrigatória a vírgula para assinalar expressões de carácter explicativo, como ou seja, isto é... Exemplo: A escola Domingos Rebelo, isto é, a minha escola, situa-se na Av. Antero de Quental.

É obrigatória a vírgula para assinalar enumerações simples de carácter morfológico. Exemplo: Eu fui ao mercado e comprei maçãs, batatas, bananas, cenouras, alfaces e couves.
É obrigatório o uso da para assinalar o local numa data. Exemplo: Belém, 11 de Abril de 2007


O USO DO PORQUE JUNTO E SEPARADO

Na língua portuguesa, existem quatro tipos de "porquês". Eles são utilizados em ocasiões diferentes, mas é muito fácil se enganar em uma redação. Veja a diferença entre eles:

Por que (separado sem acento).

Usa-se esta forma para iniciar perguntas:- Por que fizeste isso?Podemos trocar o "por que" por "pelo qual motivo", sem alterar o sentido:- Pelo qual motivo fizeste isso? Por que -> pelo qual motivo.

Porque (junto sem acento)

Utilizamos esse formato para responder perguntas, exemplo:- Fiz isso porque era necessário. É possível trocar o "porque" por "pois", sem alterar o sentido:- Fiz isso pois era necessário. Porque -> pois.

Por quê (separado com acento)

Utiliza-se o "por quÊ" em final de frases:- Sabemos que você não compareceu à reunião, por quê?

Porquê (junto com acento)

Essa forma é utilizada quando o "porquê" tem função de substantivo:- Se ele fez isso, teve um porquê (motivo)- Gostaria de entender o porquê eu tenho que ir.








7 de abr. de 2007

DICAS DO PORTUGUÊS

"Um milhão de pessoas já CHEGOU ou CHEGARAM?"Tanto faz. O verbo pode ficar no singular para concordar com MILHÃO, que é um substantivo masculino no singular, ou no plural para concordar com o especificador "pessoas".Quando o verbo é de ligação (ser, estar, andar, ficar, continuar...), é visível a preferência pela concordância com o especificador:

"Um milhão de reais FORAM GASTOS na obra"; "Meio milhão de crianças já FORAM VACINADAS"; "Um milhão de mulheres ESTÃO GRÁVIDAS".Alguém diria que "Um milhão de mulheres ESTÁ GRÁVIDO"???
"Um terço dos alunos já SAIU ou SAÍRAM?" Segundo a tradição gramatical, quando o núcleo do sujeito é formado por uma fração, o verbo deve concordar com o numerador:

"UM terço dos alunos já SAIU".Assim sendo: “UM terço COMPARECEU”; “DOIS terços COMPARECERAM”.É aceitável, entretanto, a concordância com o especificador: "Um terço DOS ALUNOS já SAÍRAM".

Temos aqui, portanto, um caso de concordância facultativa: “UM quarto DAS EMPRESAS PESQUISADAS PERDEU ou PERDERAM mais de US$ 1 milhão.”Quando o verbo é de ligação (ser, estar, ficar, tornar-se...), é flagrante a preferência pela concordância atrativa: "UM terço das mulheres FICARAM INSATISFEITAS"; "UM quinto das crianças já FORAM VACINADAS".

"10% FOI DESCONTADO ou FORAM DESCONTADOS?"O correto é "10% FORAM DESCONTADOS".· Até 1,9%, o verbo concorda no singular: "1% FOI DESCONTADO";· De 2% para cima, o verbo vai para o plural: "2% FORAM DESCONTADOS".

1.Quando o número percentual é acompanhado de um especificador, a concordância pode tornar-se facultativa:

a) "1% dos brasileiros ainda não VOTOU ou VOTARAM" (VOTOU está concordando com 1% e VOTARAM concorda com o especificador "brasileiros");

b) "10% da população ainda não VOTOU ou VOTARAM" (VOTARAM concorda com 10% e VOTOU concorda com o especificador "população");

c) Quando o número percentual vem antecedido de um elemento determinativo (artigo ou pronome), a concordância deve ser feita com a percentagem: "Os demais 10% da população ainda não VOTARAM".

d) Com os verbos de ligação (ser, estar, ficar, continuar...), existe uma visível preferência pela concordância atrativa: "1% das crianças ainda não FORAM VACINADAS"; "10% das mulheres FICARAM INSATISFEITAS".

"O resultado da pesquisa FOI ou FORAM números assustadores?" Entre o singular e o plural, a concordância do verbo SER deve ser feita preferencialmente no PLURAL.

Se o sujeito estiver no singular e o predicativo no plural, a concordância do verbo SER se faz de preferência no PLURAL:“Tudo SÃO hipóteses.”“O problema ERAM as chuvas.”“O resultado da pesquisa FORAM números assustadores.

”Se o sujeito estiver no plural e o predicativo no singular, a concordância do verbo SER se faz de preferência no PLURAL:“Esses dados SÃO parte de um relatório elaborado pela comissão especial do Senado.”“As cadernetas de poupança ERAM a melhor garantia para o futuro.”Estas providências FORAM a salvação da empresa.”

"O escolhido FOI eu ou FUI eu?"Se “o escolhido foi eu”, é porque foi mal escolhido. O correto é “O escolhido FUI eu”.

Se o predicativo for nome de pessoa ou pronome pessoal, o verbo SER concorda com o PREDICATIVO: “O escolhido FUI eu”; “As esperanças do time ERA o Romário”; “O responsável SOU eu”; “Os convidados FOMOS nós”.

Se o sujeito for nome de pessoa ou pronome pessoal, o verbo SER deve concordar com o SUJEITO: “Eu FUI o escolhido”; “Romário ERA as esperanças do time”; “Fernando Pessoa É muitos poetas ao mesmo tempo”; “Eu SOU o responsável”; “Ele é forte, mas não É dois”.

Se houver dois pronomes pessoais, o verbo SER concorda com o primeiro:“Eu não SOU você”; “Ele não É eu”; “Nós não SOMOS vocês.



O INTERNETÊS.

Quem gosta da internet e a utiliza com certa freqüência já deve ter observado uma “novidade lingüística” bem marcante, que vem provocando boas discussões.São comuns, principalmente entre os mais jovens, o uso de palavras abreviadas e o desrespeito às normas ortográficas vigentes: “tb axo q vc naum deve viaja pq tá xato” (também acho que você não deve viajar porque está chato).Quanto às abreviações, sinto informar aos nossos adolescentes que se trata de uma “novidade velha”. Era uma “taquigrafia” necessária: tb (também), q (que), vc (você), pq (porque)...

O uso da letra “m” para substituir o til (naum = não) é um retorno às nossas raízes. Para quem não sabe, a origem do til é a letra “n”. Observe duas curiosidades:

1ª) em espanhol, o nosso VERÃO é “verano” e a forma verbal PÕE (do verbo PÔR) é “pone” (do verbo “PONER”);

2ª) o ditongo nasal decrescente /ão/ pode ser grafado “ão” (estão, cantarão) ou “am” (falam, cantaram), conforme a tonicidade. A grafia fonética (axo, xato) já é defendida por muita gente, mas essa brincadeira pode criar vícios irreversíveis. Em textos oficiais, todos nós devemos seguir o sistema ortográfico vigente, que é baseado não só na fonética mas também na etimologia (origem das palavras).

A verdade é que nós sabemos ortografia por memória visual, e não por “decoreba” de regrinhas. Ninguém perde tempo pensando se HOJE tem “h” ou não, se CASA é com “s” ou “z”, se CACHORRO é com “x” ou “ch”. O que nos faz saber ortografia é a leitura e o bom hábito de escrever. Não temos dúvida na hora de escrever palavras usuais, aquelas que vemos e escrevemos com freqüência.

Isso significa que a visualização e o uso constante das palavras fora da grafia oficial podem criar “dúvidas eternas”.O uso de por ESTÁ é uma tendência da linguagem coloquial brasileira. É marca da nossa oralidade. Outra característica da nossa língua oral é a omissão do “r” no infinitivo dos verbos (vou falá, vendê, parti).

É um fenômeno chamado apócope (perda de fonema no fim do vocábulo). Isso ocorreu, por exemplo, na evolução dos verbos latinos, que terminavam em “are”, “ere”... e perderam o fonema vocálico final.

Hoje, em Português, o infinitivo dos verbos termina no “r” (vou falar, vender, partir).Tudo isso pode ser muito interessante e criativo, mas é preocupante. A nossa garotada precisa estar consciente de que esta forma de linguagem é grupal, é localizada, é adequada unicamente numa situação específica.

É preciso que saibam que a linguagem da maioria, dos textos oficiais, da vida profissional é a língua padrão. E a escola não pode se omitir: é lá que os jovens poderão entrar em contato e conhecer a língua padrão.Todas as formas de linguagem são válidas e adequadas a cada situação, inclusive a língua padrão. Como diz nosso mestre e acadêmico Evanildo Bechara: “É preciso sermos poliglotas dentro da nossa própria língua”.

OBS. Um MAU pressentimento é contrário de um BOM pressentimento. Não esqueça o velho macete: MAU se opõe a BOM e MAL é o contrário de BEM. E você sabe quando é que se escreve "porisso" junto? Só quando você escreve errado. "Porisso" não existe. Devemos escrever POR ISSO sempre separado.

FIGURAS DE HARMONIA


Chamam-se figuras de som ou de harmonia os efeitos produzidos na linguagem quando há repetição de sons ou, ainda, quando se procura "imitar"sons produzidos por coisas ou seres.

As figuras de harmonia ou de som são:

Aliteração
: Repetição de consoantes da mesma natureza, ou de natureza semelhante.
Exemplo: “Acho que a Chuva ajuda a gente a se ver.” (Caetano Veloso)


Onomatopéia: Representação de algo por meio do som de uma palavra ou expressão.

Exemplo: Não consegui entender a explicação por causa do zumzumzum da classe.

Veja que neste caso o som das palavras é representado pela expressão “zumzumzum”.


Assonância

Ocorre assonância quando há repetição da mesma vogal ao longo de um verso ou poema.


Exemplo:

"Sou Ana, da cama
da cana, fulana, bacana
Sou Ana de Amsterdam."

(Chico Buarque)


Paronomásia

Ocorre paronomásia quando há reprodução de sons semelhantes em palavras de significados diferentes.


Exemplo:

Berro pelo aterro pelo desterro
berro por seu berro pelo seu erro
quero que você ganhe que você me apanhe
sou o seu bezerro gritando mamãe."

(Caetano Veloso)


Eco: é a repetição desnecessária de um som, resultando num texto desagradável, com um ritmo batido e monótono. A melhor forma de corrigir esse defeito é ler o texto já acabado com muita atenção; na língua portuguesa é preciso tomar muito cuidado, por exemplo, com as terminações -ão, -ade e -mente. Uma frase do tipo: "Contra sua vontade, apenas por bondade, ele foi à cidade; na verdade..." machuca o ouvido.

FONTES DAS FIGURAS DE SINTAXE

Dizem que a Fonte das Figuras de Sintaxe é um lugar mágico.É que às vezes surgem criaturas estranhas da água que jorra da fonte. E ali estava o nosso amigo Tomás Nota bebendo da fonte, quando tomou um super susto: pelo reflexo da água, viu que quatro Figuras de Sintaxe estavam atrás dele. E a primeira falou: - Se quiser me chamar um dia, Elipse. Eu faço sumir palavras de uma frase, as que não fazem falta. (Sem a Elipse, a frase ficaria assim: "Se quiser me chamar um dia, meu nome é Elipse. Eu faço sumir palavras de uma frase, mas apenas as palavras que não fazem falta") Ao seu lado estava o Pleonasmo: - Queria vê-lo com meus próprios olhos! A mim já me haviam informado que você estava passeando na Cidade da Gramática, mas queria vê-lo pessoalmente. Muito prazer, Pleonasmo é como me chamam. Sou o completo oposto da minha irmã Elipse: vivo colocando palavras desnecessárias nas frases, só para tornar o bonito mais belo! Então foi a vez do Anacoluto: - Falar, escrever, muita gente sabe falar e escrever. Mas as Figuras de Sintaxe, somos nós que fazemos as frases ficarem mais bonitas. Eu, Anacoluto, coloco palavras no início das frases que não têm relação com o fim. Fica chique, não é? Por fim, a bela Silepse apresentou-se: - As Figuras de Sintaxe estamos muito felizes em conhecê-lo. O povo nos chama quando querem falar ou escrever de um modo mais sofisticado. Eu, por exemplo, crio concordâncias diferentes do normal. A isso chamam Silepse. (Se ela fosse falar do modo mais comum, seria assim: "As Figuras de Sintaxe estão muito felizes em conhecê-lo. O povo nos chama quando quer falar ou escrever de um modo mais sofisticado" . Do jeito dela fica mais bacana, você não acha?

CARROSEL DA LINGUAGEM

Quando Tomás Nota estava subindo no Carrossel da Linguagem, um garoto chamou sua atenção:- Seu cadalço está desamarrado. Outro dia minha irmã estava andando assim, caiu e machucou a boca dela. Meu avô até falou: "É preciso circunspecção para não ter de pernoitar no nosocômio". Aí nós riu. O gerente do carrossel veio com uma colher e um vidrinho onde estava escrito: "Xarope de Gramática". - Que horror! Este menino está cheio de vícios de linguagem! Assim não pode brincar no carrossel.O homem fez o garoto engolir o xarope, e continuou: - "Cadalço" é um barbarismo! Ou seja, escrever ou falar desrespeitando as normas da Gramática. O certo é cadarço. Ele também está com cacofonia: "boca dela" tem um som que a gente confunde com "cadela". Parece que a irmã dele machucou a cadela, e não sua boca. Não dava descanso, esse gerente: - E o solecismo, então? "Nós riu"... O verbo tem que concordar com o sujeito. Se "Nós" é a 1ª pessoa do plural, o verbo tem que estar no plural também: Nós rimos. E ainda arrematou, enquanto o garoto e Tomás Nota pulavam no carrossel:- Aliás, seu avô também precisava de um xaropinho de Gramática. Por que dizer "é preciso circunspecção para não ter de pernoitar no nosocômio"? Assim fica muito mais claro: é preciso cuidado para não passar a noite no hospital. Que preciosismo! Havia um riso preso entre os lábios de Tomás Nota. Ele gritou, quando o carrossel começou a rodar: - Carrossel é barbarismo! E explicou para o garoto que tomou xarope: - Como carrossel é uma palavra francesa, na verdade, usá-la como se fosse da língua portuguesa é um barbarismo. Garoto esperto, este Tomás Nota. Vícios de linguagem são erros gramaticais muito praticados, como o barbarismo, a cacofonia, o solecismo e o preciosismo.






COM GRAMÁTICA TAMBÉM SE BRINCA

CORREIO DA PREPOSIÇÃO


No meio do passeio, Tomás Nota passou no Correio.
Pensou nos seus pais e no Sandoval, seu cachorro tão leal, e resolveu mandar um cartão postal.

- Quero mandar um cartão saudade casa!, disse ao funcionário, que quase teve um desmaio.
"Xi! Que cara burro", o funcionário pensou, mas não disse, com medo de ganhar um murro.

- Você quer mandar um cartão DE saudades? - perguntou o funcionário.
Tomás Nota achou que era má-vontade.
- Você quer enviar um cartão PARA casa? - implicou o funcionário.
Tomás Nota se sentiu um otário.

- Aqui é o Correio da Preposição. Enviamos pacote COM presente, e todo tipo de cartão. Mandamos também cartas POR via aérea e telegramas PARA dizer parabéns.

Tomás Nota achou graça do funcionário, que fazia pose de competente.
Depois de escrever o cartão, entregou para o tal, que ainda disse:
- Ei! Está SEM o remetente!

Percebendo qual era o jogo, nosso herói resolveu ser peralta.
- EM VEZ DE escrever meu nome verdadeiro, vou assinar meu apelido!

E você, percebeu qual era o jogo?
O jogo era usar preposições corretamente!
Afinal, "Quero mandar um cartão saudade casa" não é frase que se apresente.
Entre "cartão" e "saudade" é preciso a preposição DE, como mostrou o funcionário do Correio. E entre "saudade" e "casa" também tem que haver uma palavra de ligação: PARA, que é uma preposição!
Isso porque alguém pode sentir saudades DE casa, pode sentir saudades EM casa (de alguém que está lá fora...). Tem que falar direito para ser entendido, não é?

Preposições fazem as ligações certas entre as palavras.

Você quer saber como as preposições trabalham e chegam a modificar uma oração?

Você já viu o que acontece quando alguém liga um aparelho de 110V na tomada de 220V? Além de não funcionar, quebra. É preciso fazer a ligação correta. Assim são as preposições: cada uma serve para dizer uma coisa diferente. Veja como esta oração pode mudar, de acordo com a preposição colocada: Este é um papo DE adultos.Este é um papo SEM adultos.Este é um papo COM adultos.Este é um papo ENTRE adultos.Este é um papo SOBRE adultos.Muitas vezes, a preposição aparece grudada em outras palavrinhas: CombinaçãoQuando a preposição vem grudada direitinho em outra palavra. Veja: Aonde você pensa que vai? AONDE = A + ONDE. Outros exemplos: ao (a + o), aos (a + os) ContraçãoQuando a preposição grudou tanto em outra palavra, que uma parte delas sumiu. Atente: Coloque o destinatário NESTE cartão. NESTE= EM+ESTEOutros exemplos: num (em + um), daquele (de + aquele) Além de preposições grudadas em outras palavras, há também as preposições que são formadas por várias palavras que andam uma do lado da outra. São as locuções prepositivas. Você viu como o Tomás Nota aprendeu o jogo da preposição que o funcionário do Correio quis jogar com ele? Até usou "em vez de"... que chique. Exemplos de locuções prepositivas: ALÉM DE não tomar banho, não fez lição de casa. Eu empresto meu brinquedo, APESAR DE você ser chato. EM VEZ DE assinar meu nome, vou usar meu apelido. Locução prepositiva é o grupo de palavras que vale por uma preposição.



6 de abr. de 2007

GRAMATICAR TAMBÉM É CULTURA.




A Língua Portuguesa não é vista com bons olhos, por tratar-se de uma língua difícil e cheia de regras. Então, a melhor forma de aprender e fixar à gramática é praticar o hábito de ler, escrever e fazer exercícios e não usar o famoso “decoreba”.

- O que é GRAMATICAR?

Gramaticar : é dar regras de gramática.

OBS. Escrever corretamente é um item importante para redigir um bom texto.




ERROS COMETIDOS NO DIA-A-DIA


INFRINGIR : significa violar, transgredir

Ex. Infringiu o regulamento.

INFLIGIR : aplicar, causa sofrimento, condenação

Ex. Infligiu séria punição ao réu.

DESPERCEBIDO : que não foi notado, que não foi dada atenção, nem ouvido.

Ex. Na verdade o fato passou despercebido.

DESAPERCEBIDO: descuidado, desprovido

Ex. Passei desapercebido na aula.

HAJA VISTO seu empenho. HAJA VISTO não existe. A expressão que existe é HAJA VISTA não importa o que vem depois. É invariável.

Ex. Haja vista seu empenho.
Haja vista suas críticas.