"Um milhão de pessoas já CHEGOU ou CHEGARAM?"Tanto faz. O verbo pode ficar no singular para concordar com MILHÃO, que é um substantivo masculino no singular, ou no plural para concordar com o especificador "pessoas".Quando o verbo é de ligação (ser, estar, andar, ficar, continuar...), é visível a preferência pela concordância com o especificador:
"Um milhão de reais FORAM GASTOS na obra"; "Meio milhão de crianças já FORAM VACINADAS"; "Um milhão de mulheres ESTÃO GRÁVIDAS".Alguém diria que "Um milhão de mulheres ESTÁ GRÁVIDO"???
"Um terço dos alunos já SAIU ou SAÍRAM?" Segundo a tradição gramatical, quando o núcleo do sujeito é formado por uma fração, o verbo deve concordar com o numerador:
"UM terço dos alunos já SAIU".Assim sendo: “UM terço COMPARECEU”; “DOIS terços COMPARECERAM”.É aceitável, entretanto, a concordância com o especificador: "Um terço DOS ALUNOS já SAÍRAM".
Temos aqui, portanto, um caso de concordância facultativa: “UM quarto DAS EMPRESAS PESQUISADAS PERDEU ou PERDERAM mais de US$ 1 milhão.”Quando o verbo é de ligação (ser, estar, ficar, tornar-se...), é flagrante a preferência pela concordância atrativa: "UM terço das mulheres FICARAM INSATISFEITAS"; "UM quinto das crianças já FORAM VACINADAS".
"10% FOI DESCONTADO ou FORAM DESCONTADOS?"O correto é "10% FORAM DESCONTADOS".· Até 1,9%, o verbo concorda no singular: "1% FOI DESCONTADO";· De 2% para cima, o verbo vai para o plural: "2% FORAM DESCONTADOS".
1.Quando o número percentual é acompanhado de um especificador, a concordância pode tornar-se facultativa:
a) "1% dos brasileiros ainda não VOTOU ou VOTARAM" (VOTOU está concordando com 1% e VOTARAM concorda com o especificador "brasileiros");
b) "10% da população ainda não VOTOU ou VOTARAM" (VOTARAM concorda com 10% e VOTOU concorda com o especificador "população");
c) Quando o número percentual vem antecedido de um elemento determinativo (artigo ou pronome), a concordância deve ser feita com a percentagem: "Os demais 10% da população ainda não VOTARAM".
d) Com os verbos de ligação (ser, estar, ficar, continuar...), existe uma visível preferência pela concordância atrativa: "1% das crianças ainda não FORAM VACINADAS"; "10% das mulheres FICARAM INSATISFEITAS".
"O resultado da pesquisa FOI ou FORAM números assustadores?" Entre o singular e o plural, a concordância do verbo SER deve ser feita preferencialmente no PLURAL.
Se o sujeito estiver no singular e o predicativo no plural, a concordância do verbo SER se faz de preferência no PLURAL:“Tudo SÃO hipóteses.”“O problema ERAM as chuvas.”“O resultado da pesquisa FORAM números assustadores.
”Se o sujeito estiver no plural e o predicativo no singular, a concordância do verbo SER se faz de preferência no PLURAL:“Esses dados SÃO parte de um relatório elaborado pela comissão especial do Senado.”“As cadernetas de poupança ERAM a melhor garantia para o futuro.”Estas providências FORAM a salvação da empresa.”
"O escolhido FOI eu ou FUI eu?"Se “o escolhido foi eu”, é porque foi mal escolhido. O correto é “O escolhido FUI eu”.
Se o predicativo for nome de pessoa ou pronome pessoal, o verbo SER concorda com o PREDICATIVO: “O escolhido FUI eu”; “As esperanças do time ERA o Romário”; “O responsável SOU eu”; “Os convidados FOMOS nós”.
Se o sujeito for nome de pessoa ou pronome pessoal, o verbo SER deve concordar com o SUJEITO: “Eu FUI o escolhido”; “Romário ERA as esperanças do time”; “Fernando Pessoa É muitos poetas ao mesmo tempo”; “Eu SOU o responsável”; “Ele é forte, mas não É dois”.
Se houver dois pronomes pessoais, o verbo SER concorda com o primeiro:“Eu não SOU você”; “Ele não É eu”; “Nós não SOMOS vocês.
O INTERNETÊS.
Quem gosta da internet e a utiliza com certa freqüência já deve ter observado uma “novidade lingüística” bem marcante, que vem provocando boas discussões.São comuns, principalmente entre os mais jovens, o uso de palavras abreviadas e o desrespeito às normas ortográficas vigentes: “tb axo q vc naum deve viaja pq tá xato” (também acho que você não deve viajar porque está chato).Quanto às abreviações, sinto informar aos nossos adolescentes que se trata de uma “novidade velha”. Era uma “taquigrafia” necessária: tb (também), q (que), vc (você), pq (porque)...
O uso da letra “m” para substituir o til (naum = não) é um retorno às nossas raízes. Para quem não sabe, a origem do til é a letra “n”. Observe duas curiosidades:
1ª) em espanhol, o nosso VERÃO é “verano” e a forma verbal PÕE (do verbo PÔR) é “pone” (do verbo “PONER”);
2ª) o ditongo nasal decrescente /ão/ pode ser grafado “ão” (estão, cantarão) ou “am” (falam, cantaram), conforme a tonicidade. A grafia fonética (axo, xato) já é defendida por muita gente, mas essa brincadeira pode criar vícios irreversíveis. Em textos oficiais, todos nós devemos seguir o sistema ortográfico vigente, que é baseado não só na fonética mas também na etimologia (origem das palavras).
A verdade é que nós sabemos ortografia por memória visual, e não por “decoreba” de regrinhas. Ninguém perde tempo pensando se HOJE tem “h” ou não, se CASA é com “s” ou “z”, se CACHORRO é com “x” ou “ch”. O que nos faz saber ortografia é a leitura e o bom hábito de escrever. Não temos dúvida na hora de escrever palavras usuais, aquelas que vemos e escrevemos com freqüência.
Isso significa que a visualização e o uso constante das palavras fora da grafia oficial podem criar “dúvidas eternas”.O uso de TÁ por ESTÁ é uma tendência da linguagem coloquial brasileira. É marca da nossa oralidade. Outra característica da nossa língua oral é a omissão do “r” no infinitivo dos verbos (vou falá, vendê, parti).
É um fenômeno chamado apócope (perda de fonema no fim do vocábulo). Isso ocorreu, por exemplo, na evolução dos verbos latinos, que terminavam em “are”, “ere”... e perderam o fonema vocálico final.
Hoje, em Português, o infinitivo dos verbos termina no “r” (vou falar, vender, partir).Tudo isso pode ser muito interessante e criativo, mas é preocupante. A nossa garotada precisa estar consciente de que esta forma de linguagem é grupal, é localizada, é adequada unicamente numa situação específica.
É preciso que saibam que a linguagem da maioria, dos textos oficiais, da vida profissional é a língua padrão. E a escola não pode se omitir: é lá que os jovens poderão entrar em contato e conhecer a língua padrão.Todas as formas de linguagem são válidas e adequadas a cada situação, inclusive a língua padrão. Como diz nosso mestre e acadêmico Evanildo Bechara: “É preciso sermos poliglotas dentro da nossa própria língua”.
OBS. Um MAU pressentimento é contrário de um BOM pressentimento. Não esqueça o velho macete: MAU se opõe a BOM e MAL é o contrário de BEM. E você sabe quando é que se escreve "porisso" junto? Só quando você escreve errado. "Porisso" não existe. Devemos escrever POR ISSO sempre separado.