26 de mai. de 2007

Exílio (ALEJANDRA PIZARNIK)


Esta mania de me saber anjo,
sem idade,
sem morte para a qual viver,
sem piedade por meu nome
nem por meus ossos que choram vagando

E quem não tem um amor?
E quem não goza por entre amapolas?
E quem não possui um fogo, uma morte,
um medo, algo horrível,
ainda que fira com plumas,
ainda que fira com sorrisos?

Sinistro delírio amar uma sombra.
A sombra não morre.
E meu amor
só abraça ao que flui
como lava do inferno:
una loja calada,
fantasmas em doce ereção,
sacerdotes de espuma,
e sobretudo anjos,
anjos belos como lâminas
que se elevam na noite
e devastam a esperança.

Um comentário:

morenocris disse...
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